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Além do cabernet e merlot: conheça 30 uvas que fazem vinhos no Brasil

Os brasileiros podem estranhar o sabor do vinho nacional porque estão acostumados com vinhos sul-americanos, e os nacionais se assemelham aos europeus

22 fev 2013 - 09h58
(atualizado às 18h34)
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Redondinhas ou mais ovais, roxas, verdes ou bordôs, existem mais de 10 mil variedades e clones de uvas no mundo. Do total, mais de 1 mil são usadas na fabricação de vinhos. No entanto, muitas são desconhecidas para os novos degustadores acostumadas às famosas cabernet sauvignon e merlot. O Terra visitou o Parque Temático Dal Pizzol, na Serra Gaúcha, onde são cultivados 164 tipos de uvas de 22 países, para descobrir mais variedades que dão origem a vinhos no Brasil.

O primeiro passo ao se falar sobre a fruta é entender que elas são divididas em dois grandes grupos no País: as híbridas ou uvas de mesa – norte-americanas mais usadas para sucos e garrafões de vinhos, como a niágara e seibel – e as viníferas – importadas da Europa e destinadas à vinificação fina. No Brasil, as norte-americanas ainda tomam conta de 80% da produção, mas a tendência é que a situação se inverta, de acordo com o enólogo Dirceu Scottá.

Antes de dar o primeiro gole, movimente a taça para sentir o aroma do vinho e observar sua textura
Antes de dar o primeiro gole, movimente a taça para sentir o aroma do vinho e observar sua textura
Foto: Thaís Sabino / Terra

Os vinhos finos brasileiros têm sabor e aroma mais similares aos europeus do que aos produzidos no Chile e Argentina, por exemplo, explicou o enólogo. Esta característica dificulta a popularização dos rótulos nacionais, uma vez que os consumidores estão acostumados com os vinhos dos países sul-americanos, segundo Scottá. Um cabernet sauvignon chileno é bastante diferente de um brasileiro. “A mesma variedade pode apresentar vinhos distintos por causa da região”, disse o enólogo.

Qual vinho escolher?

Mas, afinal, o que determina um vinho leve, encorpado, ácido ou mais adocicado? O enólogo Edegar Argenta respondeu que é o “processo de produção”. “Cada variedade de uva tem um tempo de maturação. As que aguentam mais tempo no vinhedo conseguem atingir um teor maior de açúcar e consequentemente dão origem a vinhos mais alcoólicos, como o merlot, que consegue 14 graus naturais. Já a alicant bouschet não passa dos 10 graus, é mais ácida e, por isso, usada mais em assemblages (vinho que mistura mais de uma variedade de uva)”, explicou Scottá. 

Um vinho com mais acidez – proveniente de uvas brancas ou que maturam com pouco açúcar natural – são mais refrescantes e leves, Geralmente estas uvas são as bases para espumantes. Já os feitos com uvas de maturação longa são mais estruturados, segundo os enólogos. Depois disso, vem o tempo de fermentação no tanque de inox, se o vinho passa por barrica de carvalho ou não e por quanto tempo, e quanto tempo ele fica envelhecendo na garrafa. 

A fermentação é o processo de transformação do açúcar em álcool. A etapa da barrica de carvalho é quando o vinho ganha aromas como baunilha, chocolate, café, entre outros, com cuidado para evitar a oxidação. Depois disso, vem o tempo na garrafa. Alguns ficam meses, enquanto outros chegam a 50 anos de guarda, varia de acordo com o tipo de vinho. Os vinhos mais jovens tendem a ser mais ácidos e refrescantes, enquanto os mais velhos mais encorpados. A quantidade de taninos – polifenol de origem vegetal que dá a sensação na boca semelhante a de comer uma fruta antes de amadurecer – também altera o sabor.

Ao escolher, o conselho dos enólogos é perguntar se o produto está pronto para ser consumido ou deve ser guardado e checar se a garrafa está armazenada da forma correta: deitada, com a rolha umidificada para não ocorrer oxidação.

Tipos

Malvasia Nera di Brindisi: é uma variedade de origem grega que dá origem a vinhos tintos de alto teor alcoólico e acidez não muito elevada. O vinho é encorpado, já que a Malvasia tem maturação longa.

Bonarda: é uma uva europeia antes usada para vinhos de mesa. Ela alcança um ciclo longo de amadurecimento, no entanto precisa de muito calor para chegar ao ponto ideal. A Bonarda é mais usada em cortes com outras uvas.

Brachetto: da Itália, a uva tinta consegue alto nível de açúcar natural e é bastante usada na produção de espumantes. 

Entre as características das uvas, variam o tamanho do cacho, formato e coloração dos grãos, tempo de maturação, fragilidade e teor de açúcar natural obtido
Entre as características das uvas, variam o tamanho do cacho, formato e coloração dos grãos, tempo de maturação, fragilidade e teor de açúcar natural obtido
Foto: Thaís Sabino / Terra
Brunello di Montaltino: a uva é natural da região Toscana, na Itália, e dá origem a vinhos estruturados, com sabor marcante e de alta longevidade. É considerado um vinho de guarda e, se bem armazenado, dura mais de duas décadas.

Gropello: nativa da Itália, ela produz vinhos leves e com aromas de fruta. Ela é usada em roses e em assemblages, mas também faz vinhos próprios.

Incrocio Manzoni: nativa da Itália, é uma uva branca usada em assemblages de vinhos brancos e espumantes. Costuma ser leve e refrescante.

Lambrusco Salamino: é uma uva italiana usada no Brasil para produzir vinhos frisantes, suaves de baixo teor alcoólico e secos jovens.

Montepulciano: é uma uva italiana que dá origem tanto a vinhos jovens como envelhecidos. Os vinhos feitos com essa uva costumam ter aroma de frutas e baixo teor alcoólico.

Sangiovese: bastante comum na região central da Itália, a uva dá origem a vinhos com acidez notável, estruturados e com aroma de frutas. Geralmente, é usada em assemblages.

Grillo: italiana, a uva dá origem a vinhos brancos bastante aromáticos e é usada tanto em assemblages como em varietais.

Os vinhos da uva cabernet sauvignon estão entre os mais consumidos no País
Os vinhos da uva cabernet sauvignon estão entre os mais consumidos no País
Foto: Thaís Sabino / Terra
Alicant Bouchet: é uma uva de origem francesa usada em assemblages com outras variedades. Ela tem grande concentração de taninos e alta capacidade de envelhecimento.

Malvasia Bianca Lunga: francesa, esta uva branca origina vinhos de baixo teor alcoólico e adocicados. Ela é usada em varietal e também em assemblages, principalmente em espumantes.

Malbec: a uva exige bastante cuidados para a produção no Brasil e se adapta melhor ao clima Argentino. Francesa, ela dá origem a vinhos encorpados e de alto teor alcoólico. 

Durif: a uva tinta francesa não é muito comum no Brasil e produz vinhos fortes, estruturados, com suporte para envelhecimento e presença de taninos.

Caladoc: a uva tinta francesa dá origem a vinhos aromáticos e com a presença forte de taninos na boca. Ela surgiu do cruzamento entre a grenache noir e a malbec.

Pinot Gris: apesar da coloração rosada, a uva francesa é usada na produção de vinhos brancos. Geralmente, o vinho apresenta coloração mais escura que os demais brancos, é leve e tem sabor frutado. 

Pinot Blanc: é clone da pinot gris e origina vinhos com aroma leve e sabor frutado. É usada bastante em assemblages e em espumantes.

Tempranillo: uva espanhola de casca grossa, é bastante resistente, amadurece rápido e contem quantidade significativa de taninos. Os vinhos com tempranillo são equilibrados,  com aroma frutado e podem ser varietais ou assemblages. 

Shyraz: originada na Pérsia, ela é cultivada na França há muitos anos e é uma das variedades mais plantadas no mundo. É uma uva sensível de difícil cultivo. O vinho de Shyraz pe característico pelo aroma e buquê.

Egiodola: francesa, é uma uva resistente e de maturação precoce em comparação com as demais tintas. A egiodola é tânica, tem pouca acidez e é geralmente usada em cortes com outras tintas, mas também dá origem a varietais.

Moscato: apesar do nome, ainda não há comprovação de que a variedade seja italiana. A uva se adaptou bem às condições do Brasil, tem alta fertilidade, mas também é suscetível à podridão. Por isso, é colhida cedo, com baixo teor de açúcar e acidez elevada. É geralmente usada em vinhos espumantes, suaves e com baixo teor alcoólico. 

Pinotage: a uva foi originada de um cruzamento entre a pinot noir e cinsaut feito na África do Sul. Ela é produtiva, resistente e consegue alcançar alto teor de açúcar na maturação. Origina vinhos frutados, que devem ser consumidos jovens, e espumantes.

Arinto: uva branca portuguesa, ela é usada com frequência na produção de espumantes. Tem boa acidez e aroma leve.

Fernão Pires: portuguesa, a uva branca tem evolução rápida e pouca acidez. Ela produz vinhos frutados e com estrutura, principalmente espumantes.

Cabernet Franc: é uma variedade francesa da região de Bordeaux, com maturação longa e bastante produtiva. Origina vinhos para serem consumidos ainda jovens. Em anos menos chuvosos na época de maturação, produz vinhos encorpados e com ganho de qualidade no envelhecimento. 

Touriga Nacional: de Portugal, a uva produz vinhos com sabor marcante, aromas florais, cor violeta, sabor frutado e tânico. É comumente usada para varietais, mas também produz assemblages.

Castelão: uva portuguesa, ela dá origem a vinhos aromáticos, alcoólicos e com boas condições para o envelhecimento. 

Prosecco: a uva branca italiana ficou tão famosa por produzir espumantes que seu nome foi colocado ao produto. Ela dá origem a vinhos  leves, refrescantes e com baixo teor alcoólico. 

Cabernet Sauvignon: é uma antiga variedade da região de Bordeaux, na França. Produz vinhos varietais que podem adquirir qualidade com alguns anos de envelhecimento, com coloração forte, ricos em taninos e aromas. 

Merlot: francesa, esta uva é uma das mais plantadas no mundo, junto com a cabernet sauvignon. Ela consegue alto teor de açúcar natural e origina vinhos com sabor marcante e leve ao mesmo tempo.

Gewurztraminer: originária da França, ela produz vinhos brancos picantes, aromáticos e com sabor marcante. 

Marselan: cruzamento da cabernet sauvignon e greenache, a uva francesa produz vinhos com aromas intensos, taninos macios, bem estruturado e apto para o envelhecimento.

O Terra viajou a convite da Aprovale e Apromontes.

Fonte: Terra
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