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Beneficiado do Bolsa Família gasta mais com alimentos saudáveis, diz estudo

1 jul 2013 - 19h10
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Um estudo realizado na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) revelou que as famílias brasileiras de baixa renda beneficiadas pelo Bolsa Família gastam mais com alimentos saudáveis que as que não recebem o dinheiro.

O estudo foi tema da tese de doutorado da nutricionista Ana Paula Bortoletto Martins, feita com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). O trabalho avaliou o impacto do Programa Bolsa Família sobre a aquisição de alimentos entre famílias de baixa renda no Brasil, a partir dos dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2008-09, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

Para o estudo, foram identificadas, dentro do levantamento do IBGE, 11.326 famílias com renda per capta inferior a R$ 210 por mês. Destas, 48,5% recebem o Bolsa Família. Segundo Ana Paula, a amostra baseou-se no critério de igualdade.

"A ideia era reunir um grupo de famílias muito semelhantes, que tivesse a mesma renda, morasse em regiões semelhantes, apresentasse um gasto com alimentação parecido e uma composição familiar próxima. Neste grupo, foi possível avaliar os beneficiários e os não-beneficiários", explicou à Agência Efe.

A partir da seleção, a pesquisa investigou os gastos com alimentação semanais das famílias e como isto se convertia em calorias. Verificou-se que as famílias que recebiam o benefício tinham maior gasto com alimentos in natura e pouco processados como carnes frescas, legumes, hortaliças e raízes. O benefício não modificou, no entanto, as despesas com alimentos industrializados.

Ana Paula salienta que o programa não chega a mudar um padrão de consumo de alimentos, mas oferece uma possibilidade de melhora em relação à variedade e qualidade do que é consumido.

"Legumes, carnes e verduras costumam ser mais caros e de acesso difícil para pessoas de baixa renda, o que indica que o dinheiro do programa permitiu que elas comprassem mais esses alimentos", afirmou.

A nutricionista declara, porém, que são necessárias outras medidas complementares para garantir uma alimentação saudável à população mais carente como um todo.

"Outra possibilidade seria usar os momentos em que as famílias têm que fazer um acompanhamento médico e oferecer uma orientação sobre alimentação. Também oferecer formas de deixar o preço destes alimentos menores para estas famílias, além de melhorar o acesso físico, pois a gente sabe que feiras e mercados maiores estão nas regiões mais ricas", explicou.

"Na periferia muitas vezes o consumo é baseado no que é plantado na própria região pelos moradores", acrescentou.

Os dados da POF indicam que a disponibilidade média de calorias por pessoa no Brasil é de 1.900 kilocalorias (kcal) por dia. Na população de baixa renda, o número de calorias disponível varia entre 1.100 e 1.200 kcal ao dia. De acordo com a pesquisa de Ana Paula, o beneficio permitiu que as famílias beneficiadas possuíssem aproximadamente mais 100 kcal na disponibilidade de calorias diária por pessoa.

O Bolsa Família é concedido pelo Governo Federal a famílias com renda per capita inferior a R$ 70, ou com renda inferior a R$ 140 que possuam crianças, adolescentes, gestantes ou mulheres que estejam amamentando.

Ana Paula faz parte do grupo que trabalha com avaliação de políticas públicas em relação à alimentação e nutrição e foi orientada pelo professor Carlos Augusto Monteiro.

EFE   
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