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Confeitaria Colombo, uma doce tradição artesanal do Rio de Janeiro

12 abr 2013 - 11h40
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A Confeitaria Colombo, um dos espaços gastronômicos mais emblemáticos do Rio de Janeiro, aproxima-se de seu 120º aniversário mas segue fiel às receitas artesanais que garantem o sucesso da marca desde o final do século XIX.

A Colombo, cujo nome faz referência ao descobridor da América, Cristóvão Colombo, foi inaugurada em 17 de setembro de 1894 na Rua Senador Gonçalves Dias, no centro da então capital brasileira, pelas mãos de dois imigrantes portugueses, Manuel José Lebrão e Joaquim Borges de Meireles.

Era uma época na qual o Rio se abria ao século XX com a reforma de suas ruas, a abertura de novos bairros tanto ao norte como ao sul e a chegada de diversas invenções, como a eletricidade e, até mesmo, o cinema.

Sob uma forte influência da "Belle Époque" parisiense, as confeitarias abriam suas portas em uma cidade que buscava imitar as cidades europeias e se transformavam no centro das discussões políticas e literárias de um Brasil que, em 1889, tinha acabado de deixar a monarquia para seguir o caminho da república.

A fama de seus produtos foi tanta que, pouco tempo depois de ser inaugurada, a Colombo já aparecia como a principal fornecedora dos banquetes oficiais, como o que foi oferecido na inauguração do bondinho que liga os boêmios bairros de Lapa e Santa Teresa.

Seus empregados, alguns dos quais vieram diretamente de Portugal, já serviram diversas personalidades, como o rei Alberto da Bélgica, em 1920, e a rainha Elizabeth II da Inglaterra, em 1968. Algumas das peças e louças usadas nestas ocasiões ainda podem ser contempladas pelos visitantes no chamado "Espaço Memória".

Mesmo no século XXI, a Confeitaria Colombo não teve sua essência alterada e, embora tenha implementado uma variada oferta de doces, segue os preparando de forma totalmente artesanal, fato que leva muitos cariocas e turistas ao seu amplo salão. O local, que traz oito enormes espelhos de vidro belga, conta com uma decoração no estilo "art nouveau" e móveis fabricados com madeira de jacarandá.

O chef executivo da Colombo, Renato Freire, explicou à Agência Efe que a cada dia são utilizados 250 produtos diferentes na preparação das iguarias, das quais se destacam a empada de camarão, o pastel de Belém - símbolo do estabelecimento português -, e o quindim de camisola.

Em um percurso pela cozinha do estabelecimento, Freire mostra o processo de fabricação do também português "pingo de tocha", que conta com gema de ovo e calda e é o doce mais difícil de ser preparado.

De acordo com o chef, sua dificuldade se deve ao preparo da calda, que precisa ter uma concentração e uma temperatura específica, "já que só assim os fios são formados".

No processo, um cozinheiro mistura as gemas e o açúcar em uma massa e, posteriormente, a leva sobre uma frigideira com calda fervendo, usando uma espécie de coador para formar os fios. Após vários segundos os movimentando com uma colher de pau e com a mão molhada, a iguaria é retirada da panela e estendida sobre um prato.

Para Freire, o êxito da Colombo se deve "a sua história, a sua arquitetura e, principalmente, aos produtos da casa. Todas as confeitarias tentavam copiá-la, mas ela sempre ofereceu a melhor qualidade", declarou.

"A Colombo sempre foi uma casa de vanguarda, já que sempre estava lançando novidades", completou o chef.

No local, as clientes Cristina Freiras e sua mãe, Lucia, cariocas do bairro de Copacabana, explicaram à Efe que quando vão ao centro de Rio sempre fazem questão de dar uma passada na Colombo.

Devido ao sucesso de mais de um século de existência, a Colombo abriu há alguns anos uma filial no Forte de Copacabana, onde, além das delícias tradicionais, a clientela também pode admirar a paisagem da famosa praia carioca.

Caminhar pela confeitaria Colombo ou degustar alguns de seus doces significa voltar ao tempo de uma cidade que sempre teve seu protagonismo. Se antes, no final do século XIX, o Rio experimentava uma revolução, agora, quando a confeitaria está a ponto de completar 120 anos, a cidade volta a vivenciar a euforia dos grandes eventos esportivos que estão por vir.

EFE   
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