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Vegetarianos do Uruguai defendem receitas no país mais carnívoro do mundo

5 out 2014 - 17h11
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Refeições gratuitas, reuniões mensais e programas de rádio são algumas das iniciativas às quais recorrem os vegetarianos e veganos do Uruguai para promover suas receitas, dentro da população mais carnívora do mundo.

Vários negócios de Montevidéu tentam divulgar seus produtos isentos de carne em um país onde se consome uma média de 101,2 quilos por habitante e que se situa no primeiro posto no ranking de países carnívoros, acima de seu vizinha Argentina.

"No Uruguai não há uma gastronomia muito variada e há "pouca oferta além do tradicional assado, as pizzas e as milanesas", comentou à Agência Efe Hiram Miranda, um dos donos do La papa, primeiro restaurante vegano de Montevidéu.

O consumo de carne no Uruguai está ligado à tradição do país dos séculos XVIII e XIX, quando os gaúchos que habitavam a região viviam da pecuária e se alimentavam quase exclusivamente de seus animais.

Hoje em dia, depois da soja, os produtos de carnes são os mais exportados deste país e geram uma receita líquida anual de mais de US$ 1,8 bilhão.

Nos atos sociais, a carne também está muito presente e os churrascos, chamados 'parrilladas', são um elemento comum nas reuniões.

Frente a isto, surgem iniciativas no país baseadas em alimentos vegetarianos, como a refeição coletiva oferecida pelo restaurante "La papa", na qual são divulgadas receitas como biscoitos integrais de cenoura, húmus de girassol, patê de alface, tortas de frutas e empadas vegetais.

O interesse pelo vegetarianismo surgiu há alguns anos "por questões de saúde", explicou à Efe Fiorella Monetti, que gere um negócio de alimentação "a base de vegetais orgânicos, legumes, frutos secos e especiarias", que considera mais saudáveis que os que compõem a dieta tradicional uruguaia.

María Noel Silvera, autora do blog sobre gastronomia vegana em Montevidéu "www.caramelosdelima.com", comentou que as ações que contribuem para aumentar a oferta de produtos sem carne ajudam a "romper o mito" que este tipo de dieta é "sem graça".

"Quando começamos com este projeto não sabíamos quanto tempo podíamos manter a proposta de publicar uma vez por semana sobre um lugar com comida vegana", confessou a blogueira uruguaia, "mas em breve nos demos conta que há muitíssimas opções", inclusive em "lugares convencionais".

María Noel defende que os pratos vegetarianos sejam visto como algo "acessível e saboroso", porque deste modo "se gera mais demanda".

Este ponto de vista é respaldado pela União de Vegetarianos do Uruguai (UVU) em suas reuniões mensais abertas a todos as pessoas que queiram comparecer com o objetivo de compartilhar ideias, trocar receitas e esclarecer dúvidas sobre o vegetarianismo.

Os planos de nutrição oficiais e os pratos tradicionais do Uruguai, que sempre incluem carne, são um "muro" contra o qual os vegetarianos deste agrupamento confessam se chocar diariamente e perante o qual tentam vencer por vias alternativas.

Um exemplo de sua mobilização é um programa de rádio semanal sobre veganismo conduzido pelo presidente da UVU, Andrés Prieto, com o qual divulga sua filosofia há um mês na emissora do Centro de Cultura da Espanha.

Para expressar a importância da carne neste país, Prieto cita o ditado "fazer uma vaquinha", também comum entre os vegetarianos; algo que, em sua opinião, prova que os alimentos de origem animal ainda são onipresentes no Uruguai.

EFE   
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