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A dura realidade por trás das carrocinhas de comida em Nova York

23 jun 2016 - 10h03
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Distribuídas por toda a cidade, as carrocinhas de comida em Nova York são tão conhecidas como seus táxis amarelos e as luzes de Times Square, mas na cozinha destes restaurantes móveis se esconde uma dura realidade de trabalho e administração precários.

Apesar de trabalhar entre seis e sete dias por semana com um ritmo frenético durante grande parte da jornada, este negócio não garante a autonomia financeira de seus comerciantes, já que os lucros que uma carrocinha acumula ao longo do mês vão além do dono da mesma.

Os dividendos, na maioria de ocasiões, são divididos entre o comerciante, que recebe um salário, o dono da carrocinha e o proprietário da licença.

As chamativas carrocinhas vendem desde café no início da manhã até cachorros quentes em qualquer momento do dia, mas diariamente lutam contra a feroz concorrência das grandes redes de fast-food que ocupam os distritos de Nova York, como Starbucks, Dunkin' Donuts e McDonald's.

O porto-riquenho Diego, que não quis revelar seu nome completo e que está há mais de uma década neste ofício, contou para a Agência Efe que o salário que ganha semanalmente mal dá para sua família chegar ao fim do mês.

"Em casa somos quatro e temos que seguir em frente. Tenho a sorte de possuir 20% da carrocinha", disse o comerciante com certo orgulho quando desmontava sua barraquinha de comida no final da jornada, às 20h, em uma das ruas mais movimentadas do centro de Manhattan.

Diego, que vive no distrito do Queens, a quase uma hora de carro do posto onde a carrocinha fica estacionada, continuará a jornada na madrugada seguinte a partir das 5h, quando toca o seu despertador e se dirige rumo a um dos estacionamentos de carrocinhas do bairro, onde deixa sua cozinha ambulante impecável pelas noites.

Muitos dos comerciantes por trás das carrocinhas são imigrantes de países centro-americanos ou do leste europeu que, se podem transitar com suas carrocinhas nas zonas mais movimentadas da cidade, como o centro de Manhattan e o distrito financeiro, ganham cerca de US$ 700 por semana.

Essa quantia, que equivale a cerca de US$ 35 mil por ano, é "insuficiente", segundo Diego, para sustentar uma família em uma cidade tão cara como Nova York.

Por outro lado, além do baixo rendimento, os donos, em algumas ocasiões também ilegais, devem fazer frente à batalha administrativa para conseguir uma permissão para legalizar seu negócio.

Segundo o código administrativo da cidade, as licenças para operar nas ruas de Nova York não podem ser vendidas, nem transferidas a terceiros, sem nenhuma exceção.

Esta legislação, mesmo assim, "é violada frequentemente", segundo outro vendedor ambulante que não quis revelar sua identidade.

O site econômico "Crain's New York" explica que este mercado negro tem valor estimado de entre US$ 15 milhões a 20 milhões por ano, o que "custa à cidade milhões em despesas potenciais".

"Cerca de 30% do que ganhamos toda semana o devemos repassar ao dono da licença", disse à Efe Armando, um comerciante do sul de Manhattan que está há três anos no posto e que alertou que esta situação não melhora.

De fato, estima-se que entre 70% e 80% das licenças para as carrocinhas, que além de seu custo são difíceis de adquirir devido aos controles do Departamento de Saúde do Estado de Nova York, são transferidas de forma ilegal e usadas por pessoas diferentes do titular da permissão.

O mesmo site de notícias indica que alugar uma permissão de dois anos para os vendedores ambulantes pode custar cerca de US$ 20 mil, por isso ser o dono da carrocinha não implica em ficar com todos os ganhos, que também costumam ser destinados ao proprietário da licença.

No entanto, apesar de só a carrocinha de comida equipada com cozinha e refrigeradores poder custar mais de US$ 30 mil, estes restaurantes sobre rodas vêm crescendo e se multiplicando.

Com a passagem dos anos, o setor de restaurantes de baixo custo, que começou na 'Big Apple', é também uma oportunidade de trabalho para centenas de imigrantes, que chegam a Nova York e encontram nos também chamados "foodtrucks" uma oportunidade para começar uma carreira na cidade.

EFE   
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